Boogaloo Riot (2º temporada) / 2º Episódio


Como prometido, trago-vos um boogaloo riot sobre artistas não-anglófonos. Além disso, é o primeiro sobre uma mulher. Os meus pontos de esquerda acabaram de subir bué. Parvoíces à parte, "Magnetismo" é o segundo álbum de La Yegros, a artista de Buenos Aires que mistura a tradição da cumbia sul americana com batidas eletrónicas e uma vibe hip-hop, na escola de nomes como Bomba Estéreo e os gigantes Calle 13.
 O disco começa com a faixa, um baile eletrónico cheio de ondas de serra e baixos pujantes mas sem nunca perder a marcação em contra tempo característica da cumbia, abrindo o caminho para Carnabalito- uma faixa capaz de pôr o Rui Rio e o Ricardo Salgado a dançar como se estivessem numa rave na Holanda em 1992. Em Atormentada, La Yegros mostra-nos o seu lado mais trip-hop, com uma melodia de guitarra que me lembra sempre sonoridades orientais. De Portishead tropical passa para José Malhoa qb. Eu sei que esta descrição não está espetacular, mas a sério: ouçam a faixa. Depois batida arrastada, entra uma faixa onde o acordeão se destaca com mestria. Chicha Roja podia muito bem ser cantada em coro, com uma batida eletrónica que nos faz perceber porque é que chamam rainha da cumbia digital. 

"Magnetismo", sophomore de La Yegros


Hoy é uma balada com guitarras processadíssimas. Se estiverem para aí virados é bom. Eu costumo passar à frente. Sueñitos, a sexta faixa tem uma secção de sopros e uma voz masculina que lhe dá um toque afro-beat, claramente foi inspirada pelas caixas e caixas de discos deste registo que se gravaram em Cartagena a partir dos anos 60 pelas grandes big bands colombianas que inventaram a cumbia, a levaram pela América do sul e transformaram a música para sempre.
 Por todo este álbum e talvez até mais do que no seu primeiro registo, Viene de Mi, vemos essa homenagem às raízes da cumbia e às sonoridades clássicas da América Latina.
Apesar disto, é um grande disco de dub, com eletrónica fenomenal e com sons de todo o mundo.
 Isto não é surpresa, porque este disco além de ter sido produzido por King Coya um dos grandes nomes da música Argentina contou com colaborações de músicos dos quatro cantos do globo.

Para a semana volto com mais música cantada em línguas de amantes!