Boogaloo Riot (2º temporada) / 4º Episódio

"O mistério por trás do som cósmico cabo-verdiano por fim revelado"


O Boogaloo Riot desta semana atravessa o mar da Argentina para Cabo Verde, onde em 1968 se deu um acontecimento inexplicável que mudou a história da música cabo-verdiana. Um navio tinha saído de Baltimore com destino ao Rio de Janeiro, carregado dos mais recentes modelos de sintetizadores destinados à Exposição Mundial do Som Eletrónico, a primeira a decorrer no hemisfério sul. No dia em que levantou a âncora, o navio desapareceu dos radares, para aparecer alguns meses depois na Ilha de São Nicolau, mais especificamente na aldeia de Cachaço, a oito quilómetros do mar. Os cientistas colonialistas portugueses que foram estudar o acontecimento concluíram que o navio tinha caído do céu, o que não foi assim grande descoberta. Quando as caixas se abriram e os aldeões descobriram que estavam cheias de teclados e instrumentos que nunca tinham visto e que eram inúteis numa zona sem eletricidade, o desapontamento foi geral, mas o grande Amílcar Cabral decidiu distribuir os instrumentos pelas escolas primárias, que eram dos poucos sítios com eletricidade. Ao serem dados às crianças, estes instrumentos modernizaram os ritmos cabo-verdianos da coladera, da morna e do funaná, que o poder colonial tinha banido por atentado à moral católica.




É esta a história que lemos na página de bancamp da Analog Africa, editora responsável por esta compilação chamada Space Echo - The Mystery Behind the Cosmic Sound of Cabo Verde Finally Revealed! São 15 canções que misturam os ritmos africanos com a inovação dos sintetizadores-
Tech-coladera. Synth-morna. Funaná eletrónico. Psico-afro-beat. É jindungo espacial, é a eletrização das canções regadas a Strela numa qualquer 11ª ilha dos subúrbios de uma cidade europeia.
Como não podia deixar de ser num disco cabo-verdiano, a diáspora é um tema recorrente nestas canções, ajudadas a compilar pelos Celeste/Mariposa- se não os conheces, sai de casa man!