Na minha escola básica, o conselho pedagógico chegou à conclusão que passar duas aulas a ver o Juno (Jason Reitman) e mandar os garotos fazer composições sobre a temática perfazia as horas supostamente dedicadas à educação sexual durante o ano todo.
Ou seja, vi o Juno anualmente durante uns dois ou três anos.
O filme é giro, mas a razão pelo qual vos falo nele é porque foi assim que conheci os The Moldy Peaches.
Em 1999, quando ainda se estava à espera do primeiro disco dos Strokes para vir condenar o rock e do 11 de setembro para salvar o mundo, os Moldy Peaches lançaram o seu álbum homónimo.
É uma coleção de faixas desengonçadas, gravadas com baixíssima fidelidade.
Há malhas com uma vibe punk, há baladas que podiam muito bem estar a ser tocadas pelo Daniel Johnston e há músicas que são só completamente fora.
O Adam Green e a Kimya Dawson são o centro desta energia disforme.
Escrevem canções num vocabulário simples e cantam-nas de uma forma desajeitada, porque para eles e para a maioria de nós a vida é mesmo assim.
Neste disco podem ouvir canções sobre temas que vão de hambúrgueres loucos a manatins gigantes, aos autocarros da Greyhound e bifes roubados.
Acho que mais que tudo o resto, este disco sempre me passou uma mensagem clara:
Não é preciso saber cantar nem tocar música, nem escrever metáforas geniais nem gravar com qualidade.
Essas coisas são todas boas, mas mais importante que elas é a quantidade de identidade que o artista coloca na obra.
Ou algo assim do género.
Desculpem qualquer coisinha, ouvir os Moldy Peaches deixa-me sempre a filosofar.