Luís Teixeira
Muita coisa mudou desde a estreia chamber, lo-fi pop de "Campo", a French Sisters já não é uma mera editora virtual, é uma editora recorrente que edita discos físicos, todos selados pelo dedo mágico de Miguel Gomes, entusiasta agitador de cena conhecido pela sua personalidade irreverente e às vezes demasiado difícil de deglutir. Junto do seu coletivo foi aprofundando relações com DJ Quesadilla ou os Galgo e essa influência embora não direta é mais que notória neste novo "Trocadinhos ao Pôr-do-Mi" e mesmo nas performances ao vivo de Alex Chinaskee e os seus Camponeses, toda a limpeza vocal de "Campo" desapareceu por completo e deu lugar a vocais delay-drenched impercetíveis, dream pop fundido com uma harmonia hipnotizante como em "Llama Ama Lama". No entanto a fórmula vencedora de "Campo" não desapareceu por completo, essas canções ainda são melancólicas e super reminiscentes, a composição de Miguel continua simplista e muito pouco elaborada mas usa essa aliteração a seu favor como em "Remédios de gente".
A música de Miguel Gomes não se tornou mais complexa, o reverb e o delay excessivos ocultam qualquer existência de um baixo, o teclado que costuma ser um elemento importante das suas performances ao vivo simplesmente não está presente… Um disco de estreia de Alex Chinaskee teria de ser algo muito mais idêntico a "Campo" que "Trocadinhos ao pôr do mi", um EP que aparece mais em forma de experiência que esforço legítimo, continua a ser uma boa forma de testar novos mecanismos, nomeadamente o delay vocal, mas não passa disso mesmo, mais uma brincadeira útil que uma re-invenção de som.