Luís Teixeira
Chegamos à segunda e derradeira obra de Bruno Pernadas, pondo termo à novela que ele mesmo ateou e lançou depois de ter anunciado dois discos num só período de tempo. Enquanto “Those Who Throw Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them” é alegre e sorridente, “Worst Summer Ever” é precisamente aquilo que o nome indica. São faixas monótonas e deprimidas que evidenciam o fim do verão e o início da rotina citadina e sucessiva que envolve massas. São músicas delicadas e concebidas ao máximo pormenor.
Noctívaga e soulful “Love vs Love” é mais um instrumental de corpo e alma, com o gosto de Pernadas pelo Jazz e pelo saxofone sempre salientados, tal como em todas as faixas… “ Granado Fire” torna-se num vendaval de ritmo encerrada por um riff áspero e abrasivo.
Guiado pelo piano e o sempre ocasional suspense, os seus instrumentais são autênticas bandas sonoras, podendo ser usados em filmes ou no frenesim do nosso próprio quotidiano. Há dramatismo e teatralidade em “September 4th”… O ambient “Intro” separa as faixas como um interlúdio devia fazer e aí o disco muda a sua tonalidade: Do primaveril “This Is Not a Folk Song”, violino based “Waltz” ou o baixo funky de “Worst Summer Ever”, Pernadas transfigura-se de faixa para faixa tornando a sua música imprevisível e invisível a cálculos ou pressagiados.
Worst Summer Ever é o grande mergulho de Bruno Pernadas no rio da sua eterna liberdade criativa.