Luís Teixeira
Vamos aprender um bocado hoje, os Cave Story ensinam-nos uma valiosa lição que devemos reter para o resto das nossas vidas. Antes disso, "West" deve claro ser muito celebrado nas Caldas da Rainha e um pouco por todo o país, é que desde "Southern Hype" o trio tem provado ser uma das bandas rock mais promissoras dos últimos anos, seja pelos vocais offhand ou excentricidade sónica nos acordes de Formiga, o baixo de ZIna ou um baterista com amor por Metal a tocar numa banda de Indie Rock, "Spider Tracks" era mesmo isso, havia a estética e sensibilidade do Indie Rock mas depois encontrava-se a meio com a urgência e energia do Pós Punk.
A banda amadurece, converte todo a aura juvenil em rock adulto e de leitura fácil. São canções pop ocasionalmente aguçadas com a distorção e noção rock que fez de "Spider Tracks" um Extended tão memorável. De "Darkness is a Figure" até "Modeller" o ecletismo dá lugar a canções dançáveis enaltecidas pela composição consciente de Formiga abordando a falta de confiança e a dificuldade que é dar o primeiro passo, de "Trying Not To Try" até "Atlantic Town".
Os momentos mais marcantes são aqueles em que vemos Cave Story encarnar uma banda de punk vintage, em American Nights" uma mescla de Talking Heads com Wire, toda a urgência Punk de "Spider Tracks" transposta para "West", esses momentos no entanto são raros.
Continuando a experimentar texturas pop com elementos no-wave, o disco continua com as nostálgicas e serenas "Microcosmos" e "Like Predicted" e em "Baguettes" testemunha-se o verdadeiro potencial sónico da banda numa jam/interlúdio de 1:34 onde vemos Formiga fazer aquilo que faz de melhor, desconstruir melodias pop em frenesins caóticos de feedback e distorção, beneficiando da hiperatividade rítmica de Ricardo, o entrosamento ou química dos três é notória em quase todas as canções. "Running With Baguettes" e "Youth Boys" são duas chaves de ouro de mais vintage punk, de mais rock and roll garageiro mas super acessível a praticamente qualquer ouvido.
"West" são canções fáceis de descodificar, os riffs tornam-no memorável, o espírito punk tornam-no divertido. Acima de tudo "West" ensina-nos a não criar expetativas de nada ou ninguém. Quem estava a espera de uma cópia de "Spider Tracks" pode sair desiludido, quem ouviu cada faixa com atenção viu a facilidade que a banda tem em reinventar-se sem nunca perder a sua identidade.