Luís Teixeira
"Exploded View" é um disco peculiar, não fosse fundir a aleatoriedade do experimental com uma atitude rock & roll írrevogável, não fosse os vocais de Anika, uma ex-jornalista focada no ramo político recentemente convertida em artista, soar muitas vezes a Kim Gordon. Este traço vocal particular fazem a música de Exploded View transportar do já abrasivo e imprevisível mantra experimental para algo muito mais garageiro, mesmo que nunca soe a tal.
Dos evocantes "One Too Many" para os repletos de repetição "Lost Illusions" ou "Orlando", a voz de Anika nunca perde o rumo pop, embora guiada por sintetizadores inconvencionais e hipnóticos refletidos por outro padrão rítmico hipnótico e vocais recheados de delay. Mas fica melhor, por trás de todo este jogo de eletrónica alemã mecânica e super condensada surgem high pitchs sonic bendings como se ouve em "Disco Glove" e aí é que os vocais desprendidos de Anika começam a formar cânticos rock & roll. Esse novo formato de ruído re-aparece em "No More Parties In The Attic", trazendo mais desse pop gelado minimalista mas calculista. "Gimme Joy" é outro momento íntimo e o perturbante "Kill Joy" encerra o disco.
Com claras influências do Kraut-rock, dark psichadelia ou outras convenções de late 70's, "Exploded View" não seria o típico disco lançado numa estreia e digo mais, soa a algo que muitas bandas só atingiriam após uma longa discografia. É sofisticado e muito pouco acessível a ouvidos comuns, mas sempre com essa máscara pop que oblitera esse facto.