Austrália sempre nos habitou a boa música. Da lenda viva que viaja de (cidade) para londres para revolucionar o... Perdão, inventar o Punk Gótico, Nick Cave, até aos come-restos-hispter-trend Tame Impala, mais recentemente. Na realidade já não exportamos tantos discos de qualidade da cidade de baixo, mas isso isso tudo está prestes a mudar...
Flyying Colours é o projeto de duas amigas de secundário Brodie and Gemma, que andaram nos últimos tempos a tocar em tour com Brian Jonestown Massacre, A Place To Bury Strangers ou os astros russos Pinkshinyuultrablast, que lançaram há tempos um dos momentos mais marcantes do novo gaze. Agora o quê que isto nosdiz sobre Flyying Colours?
"Mindfullness" é uma covete de cores e vidros nublados, viaja de Londres a California (em décadas diferentes) sem nunca sair da sua Austrália. "Tomorrow Now" ou "This Is What You Wanted" são picos de tremolo raros nos tempos de hoje, a distorção é audível e apazigua tudo o resto, mesmo que os restantes instrumentos sejam tão audíveis quanto este estado sonoro. De alguma forma "Mindfullness" transita do Shoegaze britânico para o rock lo-fi gratinado e repleto de feedback da cena americana de 90's. "1987" é isso mesmo, os vocais de Brodie and Gemma prestarem tributo a "Isn't Anything" lançado um ano depois, acreditando fielmente que este disco nem existia se não fosse por esse. O valor, reconhecimento e a homenagem prestada a esses discos clássicos são muito frequentes nas bandas de shoegaze de nova escola. Os vocais inebriantes e sensuais de Emma fundidos com os de Brodie são testemunhos do poder de influência que Kevin Shields e Bilinda Butcher tiveram na formação de jovens shoegazers, é impossível fazer shoegaze sem um desses três assets* (vocês sabem quais são).
"Mellow" é outro murro melancólico e nostálgico, tremolo-overdosed, delay-drenched, pop almofada... Do Chamber ao College pop de anos 80, ouve-se Cocteau Twins e Lush em "Sun Hail And Rain" para terminar com a refletiva "When".
"Midfullness" é um passo em frente. Nos seus momentos mais brilhantes, o disco levita-nos de volta para décadas felizes, nos seus momentos mais banais revela-nos aquilo que pode e deve ser feito e no fim tranquiliza-nos, confirmando aquilo que já suspeitávamos há uns tempos: é um tiro no escuro, mas o shoegaze pode estar de volta. Aliás, o shoegaze pode estar a acontecer diante dos nossos olhos e nós nem estarmos a dar por ele...