21 Mar
21Mar

Miguel Pinto


Lembram-se de quando, há mais de uma década atrás, surgiram as primeiras playstations e estava tudo doido com aquela tecnologia que hoje em dia só serve de inspiração para vaporwave? Agora imaginem numa noite de verão quente, a mergulharem numa piscina às 3 da manhã. Agora imaginem Twin Peaks e SOPHIE misturados.

São pensamentos díspares? Mas é mesmo isso que é Swimming Pool de Hans Appelqvist, um álbum que reside num terreno misterioso, quer a nível sonoro, quer estrutural, mas onde de certa forma conseguimos encontrar todos os pensamentos em cima descritos: há uma história neste álbum, resta-nos a nós decifrar qual é. 

O que é certo, é que muito devido às inúmeras composições que fez para cinema, Hans Appelqvist, consegue manter um trama de suspense e espanto em Swimming Pool: o álbum começa com um solo de piano, carregado e digital na sua tamanha claridade, porém em pouco tempo somos disparados para Lelo, uma faixa dum industrial hipnótico, a remeter para uns The Knife, mas que com a sua estrutura pop, mesmo sem voz, acaba por perder um pouco o cunho experimental que poderia trazer; outro destaque é The Magenta Threesome, uma curta mas fascinante faixa, onde um espanta espíritos dialoga com eletrónica acusmática e baixos aquosos. Destaque ainda para The Contract Signing, uma das faixas que mais trama carrega ao longo do disco, onde no som de um lápis a escrever se vai revelando um beat carregado, e We Touch We Part We Tear Up, uma épica faixa de 9 minutos onde parece residir a "alma" de Swimming Pool.

O que faz o álbum não ser tão bom como poderia são alguns dos elementos sonoros ao longo do disco soarem repetidos, o constante peso do piano ou a orquestração regularmente etérea e crescente, já que com tantas mudanças abruptas de géneros musicais, mesmo faixas que soam diferentes acabam por parecer bastante semelhantes, trazendo na segunda metade do álbum, um cunho mais aborrecido ao disco.

Mas, mesmo em muitas destas faixas residem pontuações orquestrais, suspense, que nos faz questionar sempre o porquê de tudo aquilo, o que realmente se passa, mesmo quando já não estamos tão motivados quanto inicialmente. E é esta constante indagação e interesse em algo que não conseguimos compreender que é capaz de dar a Swimming Pool uma outra profundidade, do que a que à primeira vista, parece conter.




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