09 Feb
09Feb

às vezes é ótimo simplesmente não fazer ou pensar em nada, tirar um momento longe das expectativas, longe dos sonhos, das ambições, dos projetos, de tudo que dê demasiado trabalho ou requeira demasiado esforço, e simplesmente colmatar todo esse vazio, não só preenchê-lo, com alguma música que seja relaxante, ambiental, atmosférica e que esteja muito longe do “caos” sonoro a que estamos habituados a ouvir destas bandas rock sedentas de mais rock e de mais poesia e desventuras da noite sónica. Entretanto especular e imaginar destas introspetivas situações de loucura musical, Merai parece encaixar muito bem num espaço onde haver uma guitarra e um simples caderno com algumas canções, poemas e uma ou outra ideia cantante, possa dar azo a um tema ou neste caso um EP temático chamado “Inverno de Dentro”, que agora quase parece uma vela interior num momento de pura e semi “escuridão temporária”. No tanto esperar e sapatear dos passos rumo a nenhures, por vezes este descansar na montanha não precisa de ser algo tão melintraz. Pode ser apenas uma boa oportunidade para nos refugiarmos em nós mesmos, apercebermo-nos de certas coisas que nos fugiam antes, ou de ao invés confrontá-las. Em “Inverno de Dentro”, Merai parece corresponder todos esses sentimentos e verdades obscuras do amor e da inocência, da solidão e da vontade de descoberta. Tudo isto em canções que são simples de desvendar, mais obtusas mas não menos verdadeiras. “Escuro Amor” parece ser um estilhaçar de vidro, de quando julgávamos ser muito diferentes do que éramos para nos apenas revelarmos iguais, ou então reféns da velha máxima proferida por Dr. House de “As Pessoas Não Mudam”. Mas nessa necessidade de algo mudar, este testamento que é válido, o de entoar a canção e procurar algum tipo de conforto nela. Mais escuridão é oferecida por Merai a passos muito curtos e pacientes, sendo que ainda faz um shifting de acordes na também muito luxuosa escolha de melodia em “Quando a Tempestade é forte eu mergulho em ti”, o que nos deixa apáticos por não haver muitos instrumentos envolvidos ou uma demasiada e fricionante envolvência vocal. É nessa apatia que reside a escuridão, talvez?Depois, Merai continua a insistir nesta muito ethereal onda de pragmatismo melancólico, cavalgando nas essenciais mantras do trabalho, com destaque talvez para “Não me Ames”. Não saberia bem onde pôr o sal que falta nos vocais de Merai ou onde recolocar algum entusiasmo nestas canções pouco sísmicas, mas é bom e sai barato.

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