16 Sep
16Sep

Luís Teixeira


"Magnus" havia sido muito comparado a Lonerism por uma data de razões, mas talvez por ser o despique de jovens bandas portuguesas a irem exportar esse som espacial inalcançável até à data e nessa altura havia poucas bandas a fazê-lo: Los Waves, Capitão Fausto... Old Yellow Jack era uma delas. Muito depois de Innerspeaker ou Lonerism aparece Mac deMarco ou muito posteriormente Real Estate com uma sonoridade inovadora: Misturar a ingenuidade e sensibilidade do Indie Rock com o carisma do Slacker e assim cria-se uma nova marca no novo espetro Indie. Impossível as nossas bandas não exportarem essa nova marca de Indie Rock ou pelo menos irem buscar influências, pois desde esse Currents, Los Waves desapareceram do mapa e Capitão Fausto convertem-se na maior banda pop do século em Portugal...

Mas porquê que tudo tem de girar à volta dos Tame Impala? Porque são eles que influenciam todo o Indie da segunda década de Século XXI e por isso são Trendsetters, mas isto não quer necessariamente dizer que toda a gente os siga cegamente. Quer dizer que todas as variações da bandas (a nível sonoro), quer queiram quer não, influenciam diretamente todos os novos grupos a fazer Indie Rock.

Cut Corners não é um disco de música psicadélica. Esqueçam o cliché do reverb nos vocais e ecos, este é um rock direto e muito baseado nas guitarras. Aliás todo o som de Cut Corners é guiado pela guitarra e baixo. É um disco maturo e como tal deve ser levado a sério, e é preciso analisar cada esforço: Desde o melódico, há aqui um esforço gigante em fundir a guitarra com o baixo, até à temática do disco. São canções sérias sobre mágoas, amor sofrido, e a procura do caminho perfeito. É uma clara evolução neurológica. A dada altura o disco torna-se tão deprimente que é impossível não comparar a banda a  Low ou Red House Painters como em "Cut Corners" ou "Svenn". Em "Jingle Jangle" essas novas influências são tão óbvias que nem vale a pena mencioná-las... 

Tantos são os momentos insípidos que os bons momentos do disco esgotam-se nos primeiros minutos, "Glimmer" é o esforço mais antémico da banda até à data e "Inner City Sunburns" são três minutos de Cherry, Gloss Pop noturno e minguante. Interessante é que cada faixa parece tirada de uma jam, fazendo lembrar essas tais influências espelhantes (Real Estate). O disco acorda em "Saillors Cellars Sellers", o próprio Guilherme Almeida grita "I'm Wide Awake". Ouve-se Ducktails ou White Poppy...

Passou um ano desde "Magnus", uma estreia verdadeiramente imaculada. No entanto, o som de Old Yellow Jack afasta-se totalmente do seu núcleo central, aquilo que sempre tornou a banda entusiasmante em 2015... Não é a estreia de sonho, no entanto a banda tem decisões para tomar: Continuar a fazer discos estruturados pelas suas influências de nova escola ou viver segundo as expetativas da sua incrível estreia?


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