Emanuel Tapete
Por 2017 "Casa de Cima" era um discos mais aguardados do ano mas a pergunta era se as irmãs Reis iriam entregar a sua versão de pop garageiro feroz mas vulnerável com a mesma simplicidade e brilhantismo que em "Alfarroba", um conjunto de canções que se metamorfizam de faixa para faixa, não se prendendo ao garage da sua mística estreia. "Casa de Cima" é um upgrade maior, muito mais inteligente e pensado mas também executado de forma concisa, do punk-popish "Partir a Loiça" até ao ascendente e progressivo "Cachupa", um hino de arena-rock/micro-indie sempre focado na melodia e capacidade brutal de Júlia e Maria assumirem este papel de salvadoras do rock mas conseguirem escrever refrões e hooks memoráveis como se de uma canção pop se tratasse.
Continuam a brilhar no rock n tock "Pouco Terra" nunca perdendo esta sinestesia que fazem o som característico do duo se bem que os momentos mais brilhantes do disco estão nos épicos mais longos, do desgostoso mas rasgante "Sensação" até ao experimental "Odemira".
Apesar de tudo "Casa de Cima" é um follow-up seguro e previsível, cometendo poucas gafes e nunca perdendo a verdadeira identidade da banda, mas mesmo não cometendo esses riscos de um terceiro disco, continua a soar a algo incapaz de ser replicado, algo único e distintivo.