13 Nov
13Nov

Luís Teixeira


Do Barreiro para o mundo, Pista trazem faixas emocionantes e entusiasmantes, fundindo o ecletismo e tropicalismo do dance rock com influências africanas com a velocidade e urgência pós-punk/pós grunge/pós hardcore, são pós mágicos que encaixam numa moldura punk como numa pista de dança convencional.

Todas as músicas transpiram ritmo, aliadas pela diversidade sonora dos seus músicos que não cresceram a ouvir só um tipo de som, assim torna-se interessante descodificar todas essas influências dado que cada música de "Bamboleio" é divergente da outra. Do trio de abertura "Ar de Inverno", "Bamboleio" e "3-0", punk metal aglomerado com uma execução de instrumentais incrivelmente sincronizada, até aos hinos de estádio "Sal Mão" com o teclado de Benjamin, "A tal tropical" ou "Puxa", "Bamboleio" é um album rock, precisamente pela facilidade que teve em extrair tantos singles que podem passar na rádio ou outras convenções auditivas. 

Até as faixas mais inconvencionais e experimentais acabam por ser instrumentais memoráveis, "Ivone", o tórrido "Onduras" e o reverb-looped-drenched "Boxe Fantasma", alguns beneficiando dos refrões hooky e coros de Ernesto, como no épico "Queráute".

"Bamboleio" provou ser superior a tendências, estações ou modas. Hoje simboliza o potencial de qualquer banda de garagem em Portugal, a sua estética veranil dão carisma ao grupo, a maneira como num momento soam a algo pop como noutro soam a uma banda punk dão versatilidade e os seus hinos intemporais tanto podem ser ouvidos no sol como na chuva. Por estabelecer novas barreiras no roque português e por ser a primeira a fazê-lo desde os UHF, "Bamboleio" será ouvido daqui a décadas e só ficará melhor a cada nova banda que influenciar.

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