Luís Teixeira
Sim, The Sunflowers tornaram-se num fenómeno de popularidade prolífero. Mas porquê? Há vários fatores estéticos que interligam-se diretamente com a popularidade da banda: Primeiro, ter uma miúda na banda a tocar bateria. Estudos comprovam que ter um elemento feminino numa banda de rock eleva as possibilidades desta ter mais sucesso a curto prazo. Ou se calhar a faixa etária, Carolina e Carlos não devem ter mais que 22 anos. The Sunflowers tornam-se assim nos ídolos de qualquer adolescente que goste de punk. Ah e há essa, os The Sunflowers voltaram a tornar o punk em Portugal cool again! É isso não? Com uma dose certa de hostilidade, alguns videoclips sombrios e gravados em espaços escuros e assustadores e uma temática de canções inéditas, os The Sunflowers são a maior promessa do nosso panorama nacional.
De "Cool Kid Blues", escrever sobre estar farto de tudo, da escola, de pessoas aborrecidas! Até escrever sobre pizza e cães e o mar em "Hasta La Pizza/Rest In Pepperoni", o comic release é essencial para compreender e aceitar melhor a violência gratuita nos acordes mínimos de Carlos. Mas não é só gritarias e "grunhidos sensuais", aqui encontramos momentos antémicos de prazer imenso e coros contagiosos: "Post breackup stoner" conta como ultrapassar um desgosto de amor: apanhando uma pedra. Fumando erva. Estes comic releases remetem ao tempo dos The Descendents ou The Vandals, outras referências que fundiam o garage e o punk com o sarcasmo, ironia e o humor como abrasadores de ruído. "Charlie Don't Surf" é outro momento essencial, e uma das melhores referências a The Clash até à data.
Fugindo do antémico, Intergalactic oferece mais momentos de punk desvairado e cheio de atitude: Violento "Mountain" ou "Zombie" são outros momentos de dissonância e feedback mesquinho e agoniante.
Mais momentos marcantes: músicas sobre pessoas falarem merda, sacrilégio e mandar mais pessoas irem "foder-se", enfim, toda a praxe punk. Sem momentos mortos e todas as letras escritas com um propósito concreto, o disco só peca por uma razão: o ritmo de todas as músicas parece ser constante e pode tornar-se repetitivo, mas como o disco é tão curto, tudo isso parece nem afetar o ouvinte que em alguns momentos apenas tenta suportar o ruído. Nota também para os vocais da Carolina que são outro esforço melódico a ter em conta e para outros detalhes como a harmonica, o loop de "The Intergalactic Guide To Find The Red Cowboy*" ou o interlúdio acústico em "I Wanna Die", único momento em que não existe necessidade de colocar os "earplugs"...
The Intergalactic Guide For The Red Cowboy é sujo, ruidoso e volátil, tudo aquilo que se esperava de The Sunflowers, sem inovações, surpresas ou muitos truques.
*Última faixa do disco