15 Feb
15Feb

Luís Teixeira


Graças ao ritmo frenético imposto por editoras, promotoras nortenhas, têm aparecido algumas bandas de garage rock em Lisboa, mas a mais peculiar é sem dúvida Veenho, vinda de uma editora que tem habituado o seu público com várias camadas de pop atmosférico e ambiental, guiados e inspirados por mantras no wave (noise, dream)... Por esta altura já era de esperar um catálogo imenso, mas "Veenho" é só o segundo lançamento editado debaixo do telhado da cada vez mais matura Xita.

Gravado nos estúdios de Filipe Sambado, essa sensibilidade pop mascarada em aparentes hinos de punk garageiro são inevitáveis, começando por "Costa Oeste", dois acordes minimalistas que multiplicam-se no refrão "Estou à espera do sol (...) eu estou à tua espera", é expetante e dependente de algo... Mais tarde em "Ruim": "Que se foda o que tu pensas, (...) Sei que as tuas ideias são imensas, mas espero continuar assim", essa primeira ferocidade choca com estes dois últimos versos, um mais condescendente e contradizente que o outro. Os mesmos efeitos vocais usados por Primeira Dama parecem aqui fielmente recriados em praticamente todas as canções, que acabam por ser pegajosas, vá, talvez por serem curtas e com harmonias dissonantes influenciadas pelo Indie rock americano 90's/00's, um bocado de Pavement, com Cloud nothings, até chegam a ser mais reverberantes que isso em "Saideira"...

"Veenho" não é super detalhado, as canções não são as mais inovadoras, a composição non sense-meets-comic-release já foi revista ("Paracetamol"), o espetro sónico já foi ouvido, as canções são boas mas para o projeto realmente funcionar, destacar-se dos demais e acabar por ser influente, eventualmente vão te de ganhar a coragem para ser autónomos e realmente controlarem estas canções de raiz, de outra forma serão suplantados pelo movimento riot girl que tem dominado o género em Portugal nos últimos tempos. Não nos vamos esquecer que é uma estreia de 10 minutos, ainda há muito trabalho para ser feito, é esta a beleza do novo rock feito por crianças de 17/20 anos de idade.


"Chamada Para Tóquio" é ironicamente a faixa mais consistente do EP, é guiada por loops, um refrão labiríntico louvado por aliteração e uma sincronização exemplar de instrumentos".

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