12 Jul
12Jul

Quelle Dead Gazelle são a dupla formada por Pedro Ferreira e Miguel Abelaira, que há três anos vai demonstrando uma sonoridade fora do comum inspirada pelos ritmos e vibes africanas. Estivemos à conversa com o leão e a gazela no Haus a tentar descobrir tudo sobre o "Maus Lençóis" e o percurso da banda até se tornar uma das mais influentes no mundo alternativo português.

Montijo Sound - Bem, então para começar gostava de perguntar porquê tanta inspiração em África? É um continente que visitam muitas vezes?


Miguel Abelaira - Epa...nunca fui... Ou melhor, fui mas era muito pequenino. Mas a culpa é do Pedro!


Pedro Ferreira - Porquê?


Miguel - Porque ouves música africana.


Pedro - Sim, e é uma coisa que nos está no sangue, não é. Mas não há assim nenhuma razão em especial, decidimos simplesmente.



MS - Tem a ver com as vossas influências musicais então?


Pedro - Acabámos por ir lá parar, não sabemos bem como, mas foi aquilo que saiu.



MS - Se tivessem oportunidade de ir a África e tocar onde quisessem, que país escolhiam?


Pedro - Íamos ao Burundi, é o nome de uma música nossa. Acho que íamos lá. Não sei o que há no Burundi, mas seria aquilo, seria assim.



MS - O que é uma "Afrobrita"?


Pedro - Uma Afrobrita é... a junção de duas palavras, que são "afro" mais "brita"...


Miguel - O que é que é brita neste caso?


Pedro - É jarda!



MS - Quando eram miúdos ouviam o quê? Alguma dessas bandas se pode comparar com Quelle Dead Gazelle?


Miguel - Eu ouvia AC/DC, ouvia bué AC/DC mesmo. Epa, não me parece haver grande influência de AC/DC... (risos)


Pedro - Nós somos melhores que AC/DC c$&%!lho!


Miguel - E Red Hot Chilli Peppers, também ouvia muito disso...


Pedro - Eu ouvia Limp Bizkit, o meu primeiro CD foi de Limp Bizkit, o "Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavoured Water" e é um espectáculo! É um disco fantástico! Mas ouvia assim umas coisas variadas...



MS - E agora o que é que passa pelas vossas playlists?


Pedro - Eu só tenho ouvido hip-hop...


Miguel - Epa eu não tenho ouvido música, isto agora um gajo às vezes esquece-se que tem de ouvir música (risos).


Pedro - Eu também já ouvi mais, quando o meu ipod estava vivo, só que o meu ipod faleceu e agora é mais no carro, mas quando ponho é hip hop e assim rock.



MS - Bro- X e assim?


Pedro - Também, também mas isso é mais avacalhado.



MS - Sei que muitas bandas não têm essa preocupação mas se conseguissem descrever o vosso som em poucas palavras como é que o descreviam?


Pedro - Eu por acaso continuo ainda hoje sem fazer a mínima ideia do que é aquilo! Não sei, não consigo descrever muito bem.


Miguel - Mas acho que passa um bocado pelo conceito de "Afrobrita", é um bocado isso.


Pedro - Sim, mas já passou mais... Agora menos, mas é mais ou menos, sim, pode ser, pode ser.



MS - Como é que vêm a vossa partnership? Como é que se conheceram? Falem-nos um pouco disso...


Miguel - Conhecemo-nos no quinto ano! Mas não éramos amigos, o Pedro não era nada fixe (risos).


Pedro - Não, ele era um puto, era dois anos abaixo de mim. Eu também era um puto, as ele ainda era mais puto do que eu..


Miguel - Mas eu era "dos fixes".


Pedro - Exatamente, ele era dos fixes. Mas depois tivemos uma banda mais tarde em que eu tocava guitarra solo e ele tocava guitarra ritmo, só para veres a desgraça.



MS - Não havia mais ninguém?


Pedro -  Isso uma banda de uma guitarra solo e uma guitarra ritmo ia ser uma coisa gira. Não, havia mais pessoas, mas pronto era uma banda de jovens adolescentes. E pronto, depois encontrá-mo-nos mais tarde e fizemos este "projetozito".



MS - Foi aí que as coisas se tornaram mais a sério?


Os dois em uníssono - Sim!



MS - Alguma vez pensaram em trazer um terceiro elemento para a banda?


Pedro - Já e para aí uma vez ou duas.


Miguel - Mas como somos um bocado calões e preguiçosos fomos adiando convidar outra pessoa e acabámos por ficar só nós os dois.


Pedro - Exato, começámos a perceber que poderia funcionar assim e acho que funciona. Espero mesmo que funcione, senão tá tudo f$&?do. (risos) Mas funciona assim e na altura foi essa a decisão, acabámos por não convidar ninguém.



MS - E em relação ao "Maus Lençóis", primeiro, porquê "Maus Lençóis" e o que fazem antes de um concerto para não se sentirem em maus lençóis?


Miguel - Não podemos dizer ... é segredo... (fica a dica)


Pedro - Mas o nome achámos que se enquadrava no ambiente das músicas do álbum.


Miguel - É um bocado a sensação que dá quando ouves o álbum, pelo menos foi o que nos pareceu, um ambiente bué tenso e desagradável e pronto encontrámos este nome para descrever isso mesmo.



MS - Do álbum qual é a música que vos dá mais prazer tocar ao vivo e porquê?


Miguel - O "abismo", eu gosto bué de tocar o "abismo"!


Pedro - Há uma malha que é a "abismo" sim, que é daquelas em que eu me engano menos.


Miguel - Por isso é que é fixe.


Pedro - Exato, por isso é que é fixe. Mas essa e a outra... (Pedro esquece-se do nome da música e fica um tempo a pensar) A abismo e o single, a "Pedra- Pomes".



MS - Ia falar dessas porque foram aquelas em que fizeram os vídeos. Como é que surgiu a ideia de tocarem mesmo num abismo?


Miguel - Foi o pessoal do Tradiio, os rapazes que fizeram o vídeo, o Filipe e o Duarte. Aquilo fica nas traseiras do escritório deles.


Pedro - A ideia não foi nossa, foi deles.


Miguel - Na verdade nós nem sequer sabíamos que íamos tocar num abismo e eles nem sequer sabiam que íamos tocar a "Abismo", portanto foi um bocado aleatório.


Pedro - Foi um bocado wow ok olha correu bem! (risos) Foi mesmo isso, chegámos lá e por exemplo o Miguel estava a tocar e atrás dele estava uma cena com "esta altura" (exemplifica a altura do objeto que estava por trás do Miguel com as mãos) e se ele caísse ele morria bué vezes seguidas. Aquilo no vídeo parece alto, mas era ridículo e era um espaço pequenino. E ainda tivemos que levar os amplificadores lá para cima e a bateria, foi muito desagradável essa parte mas foi fixe.





MS - Vocês não estavam presos nem nada, isso é para meninos não é?

(riem-se os dois e concordam)


MS -  E no Pedra-Pomes têm aquele "bacano a dançar"...


Pedro - Temos aquele bacano a dançar temos.


Miguel - É o Tiago Garcia, é um jovem do Porto, acho que é do Porto.


Pedro - Nós não o conhecíamos nem conhecíamos o rapaz que fez o vídeo, pronto entregámos-lhe a ideia e foi ele que arranjou o conceito e foi ele que arranjou esse amigo dele para fazer esse vídeo. É engraçado que nós só os conhecemos pessoalmente quando fomos ao Porto no outro dia tocar no lançamento do álbum.



MS - O que é que lhe disseram quando o conheceram?


Pedro - Convidámo-lo para o palco para dançar a Pedra-Pomes!



MS - E ele foi?


Pedro - Foi!


Miguel - E dançou a "Afrobrita" no final também, que foi espectacular.


Pedro - E fazia anos nesse dia também. É só coincidências, isto está cheio de coincidências.




MS - Como é que sentem que este álbum se diferencia do EP? Sentem  algum tipo de evolução enquanto músicos/pessoas?


Miguel - Claramente, acho que este já tem uma cena bué mais própria. No outro notava-se mais influências de outras cenas, este já é uma cena mais...


Pedro - (completando a frase) Mais identidade.


Miguel - Como assim identidade?


Pedro - Não que o EP não tivesse, mas este tem mais identidade. E houve uma evolução notória de ambas as partes espero eu.


Miguel - Três anos também, se não houvesse...


Pedro - Sim, estávamos tramados.



MS - Como é que tem sido o balanço pós-primeiro álbum? Sentiram que houve um hype a rondar o lançamento?


Miguel - Eu senti mais hype quando lançámos o EP, na verdade, se bem que o concerto de lançamento do álbum estava cheio.


Pedro - Mas sei lá, passaram dois ou três anos desde que lançámos o EP e depois acabámos por não fazer nada... Demorámos bastante tempo a lançar o álbum, o que ás vezes é um bocado difícil para uma banda tentar recuperar, é como estar a fazer tudo de novo outra vez, estar a tentar ganhar terreno com aquilo que já se perdeu, sei lá quase três anos é bué tempo. Mas a reação tem sido boa, tanto que ainda há pessoas que se lembram de "Afrobrita", o que é fixe.



MS - O que diriam a uma pessoa que não vos conhecesse para ouvir a vossa música?


Pedro - Epa, para manter a fasquia baixa (risos). Olha, ouve aí esta cena estranha.


Miguel - Epa não faço ideia.


Pedro - Então não ouças, vai ouvir outra cena qualquer (risos).



MS - Há algum mítico gig que vos tenha marcado mesmo?


Miguel - Houve um concerto em Paredes de Coura, na Vila que estava imensa gente, foi espetacular. E eu disse ao microfone que tínhamos cds à venda e havia buéda gente a querer comprar mas depois apercebemo-nos que os cds tinham ficado em Lisboa...


Pedro - Mais uma vez os cds tinham ficado em Lisboa...


Miguel - E o lançamento do "Maus Lençóis" no Musicbox também foi fixe, não estávamos habituados a ver tanta gente dentro de uma sala só para nos ver a nós.


Pedro - Lá no Offbeatz, a primeira vez que tocámos também foi fixe. O nosso primeiro concerto foi no quintal de uma amiga nossa, mas vá esse foi o segundo concerto, mas o primeiro oficial no Offbeatz do Musicbox, esse foi fixe, para aí em 2012.



MS - Bem, então foi isto, mandem o vosso shoutout para o Montijo Sound


Pedro - Eu sou o Pedro...


Miguel -  E eu sou o Miguel e nós somos os Quelle Dead Gazelle e temos aqui o Montijo Sound! Keep it real niggas!


Pedro - Pronto, como o Miguel disse, Keep it real!



Agradecimentos:

Quelle Dead Gazelle

Raquel Lains


Montijo Sound 2016

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