No passado dia 20 de Julho fizeram precisamente sete anos desde o suicídio de Chester Bennington, vocalista dos Linkin Park e voz de uma geração de fãs que cresceram nos anos 2000 ao som do nu metal, um género em que a banda se iniciou, mas que do qual se afastou no seu terceiro disco. Meteora, o seu segundo disco foi o meu primeiro contacto com o mundo do metal e um disco cujas letras me tocaram profundamente.
Do outro lado do espectro do rock temos Chris Cornell, cujo disco de estreia com os Audioslave foi dos álbuns que mais ouvi mais ou menos na mesma altura que conheci os Linkin Park. Uma voz estrondosa que acompanhou várias gerações e géneros musicais, do grunge (com os Soundgarden) ao rock comercial (Temple of the Dog), passando pelo hard rock (Audioslave) e até pop (álbum a solo, Scream).
Ambos eram amigos, e o suicídio do último precedeu o do primeiro apenas por uns meses. Perdas trágicas para música rock sendo que, no meu caso pessoal, a morte de Chester foi a que mais me marcou dada a importância dos Linkin Park na minha formação enquanto ouvinte de música e mesmo a nível pessoal (coincidentemente, foram co-cabeças de cartaz no Super Bock Super Rock de 2004 com os Korn, o primeiro festival de música a que fui há vinte anos atrás).
A morte por suicídio de ambos já por si é trágica, e deixa marcas ao nível da forma como a obra de ambos artistas é ouvida hoje em dia, mas a presença que tiveram na vida de quem os “acompanhou” ao longo dos anos, não deixa de ser positiva e deixar um sorriso nos lábios, sempre que revisitamos a sua música.
A carreira das bandas de ambos músicos ficou, consequentemente num limbo, na sequência destas mortes: no caso de Chris Cornell, dos Soundgarden ainda se poderá vir a ouvir material gravado antes da morte daquele (os Temple of the Dog foram um super-grupo que durou poucos anos e os Audioslave já haviam encerrado actividades há muitos anos). E os Linkin Park cessaram actividades desde a morte de Chester e têm-se concentrado no lançamento de edições de celebração dos seus discos seminais (com material nunca antes lançado incluído).
Mudando um pouco de assunto, as bandas de tributo são uma parte da vida musical em Portugal, havendo inclusive festivais dedicados apenas a este tipo de bandas, e mantêm vivo o repertório de bandas que, nestes casos, cessaram actividades. Mas, eu próprio nunca havia visto uma banda de tributo ao vivo, de covers sim, mas de tributo a uma banda ou músico específico, até ao passado dia 20 desconhecia que tipo de experiência seria.
E foi assim assisti ao evento Make Chester Proud, encabeçado pelos Hybrid Park, tributo aos Linkin Park, e precedidos pelos SoundSlave, banda que presta tributo às várias fases da carreira de Chris Cornell (Soundgarden, Temple of The Dog, Audioslave). A nostalgia estava assim, na ordem do dia na sala 2 do Lisboa ao Vivo (LAV) no passado sábado, dia 20 de Julho, e encheu a casa com pessoas de várias gerações, todas em transe ao longo de ambas actuações das bandas portuguesas.
Com efeito, ambas bandas foram perfeitas para a ocasião, os Soundslave interpretaram vários pontos da carreira de Chris Cornell sempre com uma fidelidade ao material original e uma entrega por parte do vocalista que foi contagiosa (“Like a Stone” foi um dos pontos altos da sua actuação). Por sua vez, os Hybrid Park, através de uma incrível distribuição de vozes pelos dois vocalistas (e o baixista em certos pontos), foram exímios na interpretação de temas como “Don’t Stay”, “Somehwere I Belong” e “Bleed it Out” (que encerrou a noite, com vários convidados em palco).
Foi uma noite diferente, mas que certamente deixou a plateia satisfeita, dada a forma como os artistas replicaram, com incrível fidelidade e energia os temas de duas das maiores vozes do rock.
Texto: Raúl Avelar