19 Nov
19Nov

Manel Seatra


Se no primeiro dia se registaram subidas de temperatura na SHE, na SOIR JAA (Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar) começou-se numa onda morna com o DjSet da Pointlist (como referido anteriormente, a entidade organizadora do festival). Um DjSet com poucas variações e um groove dentro do estilo do festival que começou a segurar o, para já, pouco público que ia entrando numa sala ainda tímida. 

Acid Acid, projecto one man band de Tiago Castro, foi o primeiro a fazer-se ouvir. De palco artilhado com todos os cabos, pedais e sintetizadores, sem grandes espectáculos na entrada (lá diziam os Feromona que “isto não é Hollywood, bebé”), faz soar o seu experimentalismo numa hora de puro êxtase e psicadelismo que resultou num público em transe (já em inícios de compor a sala) de olhos fechados e ouvidos no ponto. Foi caso de degustação de sonoridades e veio da acidez às suas variantes mais doces. Quando acabou o concerto foi como acordar de uma hipnose outonal a dizer-nos ao ouvido que o psicadelismo está vivo e anda a automedicar-se com as malhas vibrantes de Acid Acid. 



Para não quebrar o desfile de concertos que se avizinhava, pouco depois, deu-se a entrada de rompante dos Big Red Panda. Numa história de amor From Ponte de Lima to Évora há que largar todo o stoner rock possível em palco, deixar o público abrasado e ainda repetir a dose firmemente nas duas guitarras, nas teclas, na bateria e no baixo pulsante – são seis os elementos deste grupo que tomou o pulso ao público presente e mostrou o peso que trazia ensaiado do Norte. Neste concerto dançou-se e bem, foi tirar casacos e corresponder à presença da banda – sintonia público / palco, nota máxima!Cozinheiros do psicadelismo mais heavy, chegaram do Porto os Astrodome e partilharam as suas receitas com fulgor, sem interacções à assistência (foi um dia de poucas palavras), houve um elo de ligação maior e foi isso que os trouxe ao Festival – a música. O destaque vai para a bateria com direito a um solo formidável já quase no fim da actuação e deu gosto ver as caras de contentamento dos músicos enquanto se ouvia o que tinham para nos mostrar. Assim vale a pena. 

A noite vai longa e pausa-se para descansos e merchandising, é tempo de comprinhas ao som do DjSet da organização e há-de prosseguir-se para os espanhóis Celica XX. O punk e o noise tiveram um filho e é natural da nossa vizinha Espanha. Chama-se Celica XX e é composto por 5 elementos – duas guitarras, uma teclista, um simpático baterista e um baixista com atitude teatral (a cada headbang havia uma das bambolinas do palco a esvoaçar). Começou-se o concerto sem demoras e o primeiro tema soou a soundcheck, com pena de não se ouvir bem o vocalista os aplausos eram acanhados, no entanto a acção estava lá e fez em muito lembrar os colegas The Parrots. 

Com o avançar do concerto a desinibição veio da distorção e dos ecos – chegou o momento de moshar e foi delicioso ver um público jovem empenhado em não deixar os artistas ficar mal.No palco Manuel Peres vivem-se variantes rock à flor da pele, está provado que há espaço para o garage, o stoner, o prog, etc etc… Está tudo em pulgas para ver os aguardados The Black Wizzards, reis de um fuzz analógico que entram com tudo em palco e criam um ambiente abrasador para as duas e pouco e da madrugada com garra e headbangs, muitos headbangs. A solidez do concerto é algo de que só quem lá estava será bom entendedor, há malhas espinhosas e uma intensidade monstruosa (no melhor dos sentidos).

 O público fica rendido e quem ainda tiver forças poderá dirigir-se à discoteca Praxis onde há DjSet de Floresta Encantada (Tiago Castro, Acid Acid) vinda dos estúdios da RADAR para apanhar a frequência eborense.Hoje é a abrir com os lisboetas Sun Blossoms por quem tenho especial apreço e vamos a isso que começa às 19 horas. Será o último dia do Festival e terá, certamente, muita coisa boa a acontecer!


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