Certamente não era o disco que espera ouvir de Gondomar, "Circunvalação" era uma promessa de caos sônico do início ao fim. Entre faixas anárquicas e insuportáveis a nível humano (auditivo desculpem) encontramos coros, melodias, desabafos de amor... Não é o punk mais feroz do ano, mas é certamente um dos melhores do género e a continua prova da infinita benção garageira proporcionada pela Pointlist.
Outro disco que muda totalmente a sonoridade de trabalhos anteriores mas sem necessariamente reinventar-se... Primeira Dama aqui soa a uma réplica das suas eternas influências, não serei eu a justificar a afirmação. Mas o disco representa uma expansão óbvia também, grande o suficiente para chegar a esta lista.
É tão mau que chega a ser brilhante...I mean não me levem a mal, começando pela capa até ao Autotune desafinado, a audacidade lírica, o ruído experimental desajustado... Putas Bêbadas estão numa lane apenas deles e esse mérito ninguém pode tirá-los.
Bitch eu fiz um disco gravado com um microfone nojento, manipulei-o de forma a soar minimamente audível, produzi instrumentais bem fixes e escrevi barras bem dope, tudo isto enquanto tava de mãos dadas com a tua miúda! Ok passei do limite... Mas agora a sério, se eu não acreditar em mim, são vocês?! Saiam da frente. Ah e 2018 vou voltar para fazer a vida negra desses rappers. Mas eu não sou rapper tho...
Menosprezei o disco inúmeras vezes só para concluir que é mais um disco de Éme de corpo e alma. A mesma fragilidade lírica de João bem enaltecidas por melodias frágeis e tímidas com destaque para a Moxila que dá um sentido de profundidade orgânica nos seus sopros. Mas não vou mentir, algo pior gravado e idealizado que este disco estaria em posições bem mais acima nesta lista.
Eu não devia sequer meter este disco na lista por ser um EP mas "Videonojo" ao contrário do que o nome indica começa logo com "Por Regra" que fez-me logo lembrar bandas britânicas de pós-punk de novo milênio e tal como "Marina", este EP aparece na lista porque sempre que oiço Nooj dá-me a sensação que já ouvi o som em algum lado mas a realidade é que estou a ouvir algo assim pela primeira vez na minha vida, assim sabe-se que é uma audição frutuosa.
Viva Fúria é só mais um disco pop feito para largas audiências, com mais versos romantico-frágeis, refrões viscosos e melodias vocais mistas que dão uma sensação de cumplicidade ao longo do disco, aliados por uma masterização limpa e sedosa, lowkey um triunfo para a música portuguesa se pensarmos bem nas raízes do Manuel.
Para quê falar muito se o título diz tudo? Tamos assim né? Não mas a sério, mais estabelecida que isto é impossível para a Príncipe e "Nídia é Fudida" é só mais uma tour de force de samples esquentadas e afro-beats enraivecidos idealizados para um público global. Como é tuga pousou mesmo nesta lista, não está mais em cima porque temos de dar prioridade ao underground não é...
É um disco de quarto e como qualquer outro traz a mesma debilidade e subtileza. Por isso é preciso gentileza a desembrulhar estas canções, no fim acabamos por ter uma experiência bem mais espiritual e introspetiva do que pensaríamos de um título tão descuidado como este.
Benjamim e Barnaby Keen são infalíveis aqui, dois og's da música independente chegam com confiança, soul, enigmatismo e destreza sonora para trazer-nos alguns dos sonoros mais gentis do ano e do resto da década, o facto de ser uma parceria inédita ainda a torna mais ilustre.
A sua produção mais intrínseca e minuciosa possível fazem de Lo Fi Moda um disco do futuro, não está mais acima porque não gostei sempre dos vocais gritantes e diccícos*.
São instrumentais bem elaborados e harmoniosos mas onde os vocais de "Lo Fi Moda" poderiam ter sido facilmente dissipados, aqui seria precisamente o contrário.
Cláudio Fernandes é a força mecânica por trás de Pista, uma banda marcada pelo ritmo dançável em constante mudança, e não há melhor maneira de descrever "Dudeduderuderude", cada beat é uma experiência mais entusiasmante que a outra.
Aproveitando o mantra nordéstico de "Mighty Sands" a Teresa aqui não só dissipou qualquer ideia de sub-contribuição na sua banda como assume-se uma compositora altamente mística, uma vocalista angelical e uma criadora de melodias temáticas capazes de dar cor a qualquer disco.
Este é provavelmente o disco mais menosprezado do ano. Com hinos infanto-juvenis gravados pela primeira vez desde "Épê", uma sinestesia trifecta fortemente apoiadas por uma das linhas de baixo mais esquizofrênicas do ano e um ritmo frenético desembalado por guitarras cortantes (bem afiadas), este é sem dúvida o melhor disco punk do ano. Decorem bem o nome desta banda, ainda vão a tempo.
Este é um dos melhores discos de indie rock internacionais do ano. As guitarras jangle, a gentileza por trás das composições, os sintetizadores vaporáveis... Tudo sincronizado de forma perfeitamente aprimorada. Nem parece que estamos a falar do mesmo Nuno Fernandes, vocalista de uma das bandas punk mais respeitadas do país...
Esta é uma surpresa enorme... A luxúria dos instrumentais, os vocais burlesco-etéreos, a atmosfera melancólica... Tudo isso envoltos de uma ingenuidade tremenda na hora de entregar as canções. Nota de destaque para Pedro Morrison e Ana Miró, mas a estrela é Callaz que junto dos seus versos repetitivos, hipnóticos e sonantes dão vida aos instrumentais produzidos de forma mais cuidadosa e sublime possível.
Tudo em "Antwerpen" radia subtileza, dos vocais almofada sempre antémicos e cobertos, a uma produção seletiva de instrumentais futurísticos que dão uma atmosfera única aos vértices do disco.
"Casa de Cima" é um crusher... Em pleno terceiro disco a banda exibe profundidade, maturidade e tremenda vontade de fazer experiências pop que podiam revelar-se fatais, mas que dão a esta marca algo sobre o que falar durante décadas.
*palavra inventada