16 Sep
16Sep

Luís Teixeira


Temos vindo a acompanhar o crescimento da banda que veio do nada e parece estar prestes a alcançar tudo... Um lançamento que viria a mudar o rumo das coisas, uma coleção de Garage Psicadélico ou como eles taggaram na sua então (agora renovada) página de bandcamp "Rock Felino" veio dar uma aura de criatividade, anormalidade e peculiaridade para além das suas faixas, veio dar-lhes um pano de fundo. Panado. O nome captou logo a atenção, não eram a banda que tinha um nome estrangeiro ou um nome de animal e que cantava em inglês como forma de banalizar (ainda mais) a atual cultura de bandas de rock portuguesas, salvo algumas excepções óbvio: "A cena da língua, foi o que saiu na altura enquanto estávamos a fazer as músicas, o que pareceu natural, não foi planeado", disse Diogo Vítor quando os entrevistámos no Montijo a propósito do concerto que deram no Time Out onde abriram para os Pista. Vera Marmelo, a pessoa que tirou a foto que vemos em cima captou alguns momentos bonitos desse concerto. A minha escrita é cativante, mas de quem estou a falar? Seria injusto falar só do vocalista até porque este grupo tem outros membros emblemáticos como Lourenço Dias, considerado pelos restantes membros o mais gato do grupo e o baterista Bernardo Moniz, já feliz comprometido com a ocasional tocadora de Flauta Transversal e ilustradora de cartazes Maria Martinez (não pode ser o nome verdadeiro dela), juntos estes rapazes têm vindo a dar que falar, em Lisboa, na Margem Sul, na televisão e até rádio já se ouve o nome deles! Senhores, eu falo dos Panado, retifico, a banda do momento.





PASSADO

   

 É inegável. O Bistroteca teve uma importância fundamental na criação de novas bandas na margem, a influência que teve, o legado que deixou não têm preço: "Se reparares toda a gente que estava a fazer cenas no Montijo, seja bandas, seja organizar cenas, seja blogs... Tudo que estava e está a fazer cenas acontecer no Montijo veio do Bistroteca...", disse Tiago Sarcasmo, um fã devoto de Panado.


 Depois do Bistroteca veio o verão, o calor... Em Setembro a cultura independente entra em choque. Era um gato Squizo: "Epá nós curtimos bué de Louis Wain que é tipo o melhor pintor de todos os tempos, ele tinha Esquizofrenia e o engraçado é como  a sua doença foi evoluindo com os seus quadros, os gatos começavam por ser comuns mas há medida que a sua doença ia ficando mais aguda as suas pinturas iam ficando cada vez mais distorcidas e isso impressionou-nos", disse Lourenço. "Épê" foi lançado no dia 27 de Novembro de 2015. A primeira coisa que chamou a atenção foi a pobre qualidade das gravações. A pequena coleção de canções veio criar algum buzz entre estudantes, músicos e aficionados, isto tudo adicionando o video que a banda havia publicado no facebook a tocar uma cover de Cave Story...


  Depois do Bistroteca, o Diogo Ramos decidiu agir pelos seus amigos. Pegou nas demos de Panado, o "Épê", todo o material que tinham na altura e enviou para o Cláudio Fernandes dos Pista que pareceu gostar das maquetes e convidou-os para passarem no seu makeshift estúdio na sua garagem, no Barreiro. 

Dia 13 de Novembro de 2015, Musicbox Lisboa. Apresentação de "Bamboleio", disco de estreia dos Pista.  Mal o concerto acabou foram falar com ele, o Cláudio devia estar suado e rodeado de pessoas que nunca tinha visto na sua vida, outros amigos, outros groupies... Era impossível falar com ele. Mas ia acontecer.


20 de Março de 2016. Toda a gente especulava: "Quando é que sai o novo EP de Panado?". Essa fé continuou a ser alimentada vezes sem conta até que Panado dão um sinal de boa fé e Lançam "D. João", que manchava a nova atitude da banda e reforçava esse novo aliado que era o frontman dos Pista. "Gravado e produzido por Cláudio Fernandes", só podia significar uma coisa, as faixas ou estavam gravadas ou estavam a ser gravadas: "Eles já têm as versões finais na mão, as versões já masterizadas, não sei o que querem fazer com elas..." admitiu Cláudio na altura. 


De repente os Panado estavam a tocar nos maiores clubes noturnos de Lisboa: Cinema Mundial, Ginjal Terrasse, Tokyo, Sabotage, Lounge... "Eles não têm um disco gravado e já estão a dar uma mini tour por Lisboa, nunca vi nada assim", diz Pedro Pereira. De repente toda a gente queria um pedaço de Panado, "Estes putos precisam de proteção, podem não ser ingénuos mas continuam a precisar de alguém que os proteja, a eles e aos seus interesses. Ninguém os pode proteger de gente falsa que só curte deles por serem fixes, mas tem de haver alguém capaz de protegê-los de cachets ranhosos e jantares de frango assado e sumol de pêra", uma voz proferiu estas palavras depois do concerto no Sabotage com os Treehouses 2290 no dia 5 de Maio de 2016. Antes disso, aparece uma figura. No dia 4 de Abril, a Costa Brava anuncia que vai passar a agenciar Panado. Desde então ainda não pararam: No Sabotage abriram para os The Sunflowers com o mesmo rapazinho e o seu 4-piece project Alex Chinaskee; No Barreiro; No Caldas Late Night tocaram com Cave Story ou Clementine; No Passarão tocaram com Grand Sun e Ganso, até na Arroio tocaram!

29 de Junho de 2016: Panado abrem para 800 Gondomar, no Cafe Au Lait, no Porto.

PRESENTE


No passado dia 15 de Julho os Panado foram vistos no Super Bock, para verem o concerto dos amigos Pista: " Foi granda festival! Não há mais nada a dizer, foi granda festival, curti bué das bandas, Massive Attack deram ganda concerto", diz Lourenço após os concertos desse dia terem terminado. Seguia-se um período de férias e de merecido descanso. O último concerto que deram foi no IndieotaFESTAval em 2016: "Os Panado precisam de duas coisas, mas para chegar à segunda precisam da primeira, precisam de um raio de uma editora", disse um jovem bêbedo depois do concerto no Bota Baixo. "O que achaste do concerto dos Panado?" perguntei a uma miúda depois do concerto: "Acho que eles tocam bem pa caralho mas creio que há gente que está mais preocupada em afagar o cabelo deles do que propriamente curtirem da música que eles fazem. Essas pessoas não estão aqui pela música, estão aqui para aparecer e sinto nojo dessas pessoas", disse uma rapariga, numa das melhores citações que temos do IndieotaFESTAval.

Hoje é dia 16 de Setembro, e os Panado voltam a tocar no Sabotage, num evento da Altamont: "Os Panado tornam-se numa clara vítima de popularidade, tudo pelas melhores razões. Quando assim o é temos que descobrir o que há de tão especial neles...", diz Catarina Soares. Até Outubro vão estar em Évora e Portalegre: "Vamos onde o vento nos leva"...

FUTURO

O futuro dos Panado é incerto. Até onde é que este fenómeno de popularidade pode ir? "Os Panado têm de abrir para Shellac e Metz. Vocês abriam bem para os Preoccupations também...", diz Cláudio. "Os Panado vão ao Curto Circuito?", "Não sei mas sinto que vocês podem ser muito grandes, até podem chegar a tocar no Rock In Rio", "O vosso disco vai ser o primeiro português de sempre a ser classificado pela Pitchfork", "Vocês precisam de gravar um disco", "Vocês precisam de uma tour", "Patrocinar os posts de facebook pode ajudar, não sei!", "Quem me dera poder dar-vos o cachet que merecem", "Vocês são Deuses!"


Parece que muita gente tem muita coisa para dizer sobre os Panado, sobre a música deles, sobre o cabelo, sobre a palheta, sobre os discos que ouvem, sobre os amplificadores, sobre tudo. Mas se alguém souber responder a esta pergunta, mas de forma mais honesta possível, eu sou capaz de retirar tudo o que disse sobre esta banda: A fazer música com tão tenra idade, até onde podem ir os Panado? Essa é a verdadeira incógnita não? Uma coisa vos digo com certeza, eles já fizeram algo que muito dificilmente será repetido em Portugal: Com idades aproximadas entre os 19-20 anos, já fizeram a transição, de jovens artistas para jovens músicos.

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