12 Feb
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Valley Rosário


Olá caros leitores do mundo da internet, o meu nome é Valley Rosário e esta é a rúbrica "Surfista de Campo". Venho por este meio como forma de introdução vos informar que ao longo de várias semanas, todas as segundas-feiras - mesmo que seja feriado nacional ou dia de "derby" - irei vos apresentar artistas ou bandas que eu próprio encontro na plataforma "Bandcamp" e que acho merecerem ser ouvidas e devidamente apreciadas, portanto sem mais qualquer tipo de demora porque sei que vocês têm mais do que fazer do que estarem sentados a ler um texto de alguém que se calhar nunca ouviram falar na vida, apresento-vos um rapper experimental de cima a baixo. Decorria o mês de Dezembro quando me apeteceu ouvir algo diferente e quando abro uma gaveta do "Bandcamp", eis que me surge um rapper com uma atitude bastante punk e inigualável, falo de JPEGMAFIA. Sim provavelmente nunca ouviram falar ou até por acaso conhecem visto que lançou recentemente um álbum que está a ser fortemente discutido pelos ditos entendedores da industria musical. JPEGMAFIA é proveniente da cidade de Baltimore da terra do "Uncle Sam", ele é um ex-militar americano destacado no Iraque e o seu rap é possivelmente do mais inconvencional que vagueia pelas ondas da internet, desde os seus instrumentais anormalíssimos até à sua lírica por vezes fortemente depravada, niilista e onde apresenta frequentemente as suas visões politicas, sociais e questões raciais por vezes de uma forma cómica e podemos confirmar isso em faixas como "I Might Vote for Donald Trump", "I Cannot Fucking Wait Until Morrissey Dies", "I Just Killed A Cop Now I'm Horny", "I Wipe My Ass With Confederate Flags". Sim eu sei que ao lerem os títulos destes temas ficam com a ideia inicial que afinal não é grande coisa e que é apenas alguém que faz algo na brincadeira ou como costumam chamar na internet um "meme rapper" mas se  estou a escrever este texto sobre um artista que nunca ouviram falar às 2 da madrugada enquanto o meu computador encrava e os meus pés encontram-se mais gelados que uma arca frigorífico é porque merece mesmo ser ouvido.


 Peggy conta já com 5 projetos na sua bagagem artística, claramente muito para quem apenas lançou o seu primeiro trabalho musical há 3 anos. Bastante produtivo podemos encontrar um pouco de tudo nas suas músicas desde faixas compostas de glitch e noise para um ouvido "normal" até canções severamente melódicas. Em 2018 acabou de lancar "Veteran",  disco que está a dar que falar não por ser diferente mas sim por ser muito bom e devidamente estruturado, claramente um disco com pés e cabeça, sem duvida uma lufada de ar fresco no hip-hop e o álbum mais acessível da sua discografia. É ele que produz todos os seus temas e na sua produção posso notar uma excelente versatilidade neste artista, tanto pode produzir uma faixa classificada como "trap" como a seguir estamos a levar com o instrumental mais estranho e anormal alguma vez escutado por um ouvido humano (é verdade se calhar exagerai um bocado nestas palavras mas é uma forma de vos suscitar um certo interesse no artista em questão). Podemos também observar o seu faro pelo dark humor em algumas músicas, sem duvida absoluta uma virtude sua que gosta de implementar na sua arte. A sua sonoridade é bastante crua e selvagem, Peggy é como se fosse um animal exótico caso o jardim zoológico fosse a hip-hop scene. É impossível ficarem indiferente, ao ouvirem uma vez vão querer ouvir outra vez e mais uma até se tornarem viciados e mostrarem esta rubrica ao vosso amigo porque foi aí que descobriram JPEGMAFIA. Portanto se alguns de vocês estavam a pensar que depois de acabarem de ler este artigo iam voltar a ouvir aquela música manhosa que dá 3 vezes por hora na rádio, enganem-se. Para começarem recomendo-vos a ouvirem e verem o video da "Baby I'm Bleeding", não precisam de agradecer depois.


SURFISTA DE CAMPO

Texto: Valley Rosário

Conceito: Luís Teixeira/Valley Rosário

Design: Luís Teixeira

Scanner Ortográfico: Luís Teixeira/Catarina Soares

®Indieota 2018


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